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quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Sobre Mosqueiro


Mosqueiro é uma ilha fluvial localizada na costa oriental do rio Pará, no braço sul do rio Amazonas, em frente à baía do Guajará. Possui uma área de aproximadamente 212 km².

A ilha do Mosqueiro é um distrito administrativo do município de Belém e dista 44,5 Km de Belém continental e 77km do terminal no Bairro de São Braz ( Belém continental ) até o terminal no Bairro da Vila, na ilha do Mosqueiro. Possui 17 km de praias de água doce com movimento de maré.

Há várias hipóteses para a origem do nome da Ilha do Mosqueiro, porém a mais provável é a de que ele se origina do fato de suas praias serem usadas para o moqueio do peixe e da caça que vinham do Marajó para serem comercializados em Belém. Esse processo numa época em que não havia gelo, servia para a conservação dos alimentos e consistia em defumá-los sobre uma grelha chamada de moquém. Daí o nome de Ilha do Moqueio e com o decorrer de muitos anos, talvez séculos, por um processo de linguagem passou a chamar-se Musqueira, depois Musqueia e finalmente Mosqueiro.

Habitada inicialmente por tribos dos índios Morubiras e Tupinambás sua historia atravessa o período colonial, quando boa parte das terras que hoje formam a Ilha, do igarapé do Cajueiro até a Baia do Sol pertenciam ao Distrito de Benfica. Ali foram erguidas no século XVIII as primeiras habitações coloniais, as fazendas Santana, na praia do Paraíso, que hoje esta em ruínas, e do outro lado a fazenda ou sítio Conceição, ainda preservado. Pela ilha passaram aventureiros do porte de Pedro Teixeira e Francisco Caldeira Castelo Branco, que fundou a capital Belém em 1616. Usufruiu do fausto período proporcionado pelo ciclo da borracha na Amazônia e, ao mesmo tempo, ofereceu lazer sadio as famílias que elegeram a ilha como refugio nos finais de semana e nas ensolaradas férias de julho.

Em janeiro de 1836, na praia do Chapéu Virado, CABANOS com sangue Tupinambá nas veias, entrincheirados, comandados por Antonio José, Nicolau, Francisco Xavier, e Auto Lourenço, resistiram e derramaram seu sangue contra as forças de repressão do Major Manoel Muniz, em defesa da liberdade dos paraenses, e contra o nepotismo implantado na Província. Para alguns historiadores a organização de heróico núcleo de resistência em Mosqueiro, proporcionou a mais violenta batalha da historia da Cabanagem.

A Ilha tem como principais locais históricos à “ponta-do-Mosqueiro” na sua extremidade sul e que hoje é chamada de “ponta-do-Bitar” por ter sido ali instalada uma fábrica de borracha de propriedade de uma família de libaneses tendo como diretor desse próspero negócio o Sr. Simão Bitar, hoje também restam apenas ruínas.

Outro lugar antigo é o que era chamado Ponta-do-Chapéu-Virado e que hoje é composto pelo Farol localizado na margem do rio e que deu nome à praia e ao bairro entre as praias Grande e Chapéu Virado, sendo estas pontas as mais salientes da ilha para o rio e foram os locais mais importantes e prósperos do belo balneário.

Também mais antigos que a própria Vila são citados pelos historiadores as localidades de Carananduba (caranã grande) e a atual praia do Murubira cujo nome tem sua origem nas tribos dos Morubiras.

Ariramba, muito mais jovem do que os locais anteriores surgiu da necessidade de penetração no conhecimento da Ilha em toda a sua extensão. Do Chapéu Virado, passou ao Murubira via Porto Artur, cuja história se deve a um português amante das belezas e da paz mosqueirense, no começo deste século.

A curiosidade popular levaria a novas aventuras pelo interior da Ilha, levando ao conhecimento da povoação antiga de Sucurijuquara e depois do vilarejo da Baia-do-Sol com seus dois bairros do Bacuri e da Fazenda. Depois caminhando para o oriente temos o Carreiro já localizado no Furo-das-Marinhas, que separa a Ilha do continente e cujas populações são consideradas as mais antigas.

A Vila surgia mais tarde, oriunda do crescimento do interesse da população de Belém pelas belas praias fluviais, sendo construído aí o primeiro porto de acesso fluvial a Mosqueiro.

O crescimento do fluxo de pessoas originou a instalação de vários sítios pelo interior da Ilha e também o nome de algumas de suas praias que tomavam o nome dessas instalações particulares que concentravam famílias inteiras em torno de grandes áreas de terra, permanecendo durante muitos anos em Mosqueiro essa característica feudal, sendo essas famílias consideradas os verdadeiros desbravadores do Mosqueiro. Assim foram os Pamplona no Maraú, os Silva na Baia-do-Sol, os Amador no Carananduba e latifundiários com Mimosa Bechara na Vila e Benedito Elias no Mari-Mari, no Pau Amarelo e no Fonte Boa. Esses fundadores da Ilha requereram enormes sortes de terra à Colônia e à Presidência da Província. Essas terras passaram a seus herdeiros e foram-se diluindo principalmente às áreas limítrofes ás praias. Dessas famílias ainda hoje perduram os Peralta em Carananduba e os Travassos no Paraíso e na Conceição.

Também estrangeiros requereram áreas de terra como os Lochard, os Pontet, os Smith, os Upton, os Kaulfuss, os Arouch e outros.

Com uma extensão territorial de 11.000 hectares, ou 219.675,6 km quadrados Mosqueiro foi elevado à categoria de Freguesia pela Lei nº 563, de 10 de outubro de 1868 e à categoria de Vila pela Lei nº 324, de 06 de julho de 1895. Sua formação perimetral assemelha-se a um rim recurvado sobre o continente e é desligada deste pelo canal denominado “Furo das Marinhas”, ocupando 44,33% da área total do município de Belém.

Primitivamente as terras de Mosqueiro pertenceram à Freguesia de Benfica da qual eram distrito onde eram efetuados os registros das concessões do Império. Pelo Decreto nº 410, de 8 de outubro de 1891 e da Lei nº 82, de 15 de setembro de 1892 já no período Republicano esses registros de terras passaram a ser feitos no Mosqueiro e pela Lei nº 753, de 26 de fevereiro de 1901, que integra a Ilha ao patrimônio histórico de Belém, passando ser Distrito de Belém.

A Ilha está situada na costa oriental do Rio Pará e é circundada por praias de areia branca, entre as Baias do Sol e de Santo Antônio. Do centro dela nascem os rios Pratiquara e Mari-Mari, que despejam suas águas na Baia de Santo Antônio e São Francisco que passa entre Chapéu Virado e a ponta do Maraú.

Sob o ponto de vista religioso, Mosqueiro foi Paróquia pela Lei da Província nº 563, de 10 de outubro de 1868, tendo como padroeira Nossa Senhora do Ó.

Seu primeiro grupo escolar foi criado pelo Decreto nº 1319, de 4 de outubro de 1904.

Dessa época também é a construção de um ferro carril que ligava a Vila às praias do Chapéu Virado, inaugurado a 10 de janeiro de 1904. Foi o primeiro transporte oficial, ligando a Vila àquelas praias.

O caminho fluvial entre Belém e a Ilha crescia a principio por embarcações que atendiam aos interessados em conhecer ou repousar, nas localidades mais distantes, sem disciplina de horários. Porém as famílias de Belém não freqüentavam Mosqueiro, pois o modismo da época era os sítios à margem de regatos e igarapés mais próximos de Belém como Ananindeua, Santa Izabel e Apeú.

E Foram os estrangeiros que começaram a fazer da Ilha um refugio nos finais de semana, feriados e períodos de férias. Não demorou para que seringueiros e balateiros da região do Marajó seguissem os passos dos estrangeiros, e começassem a erguer na orla suas casa de veraneio.

Mosqueiro tornou-se durante longo tempo, abrigo de raras personalidades estrangeiras que procuravam ali respirar ar puro e deliciar-se com as belezas do lugar. Poucos nacionais ou mesmo paraenses visitavam a Ilha.

Somente no final do século XIX e começo do século XX é que, levados pela preferência dos técnicos ingleses, franceses e alemães, que por seus hábitos europeus escolhiam Mosqueiro para os seus fins de semana, a nossa gente, seguiria seus passos conquistando e descobrindo suas maravilhas.

Nessa época, fase da belle-époque paraense, Belém começava a receber os serviços públicos como eletricidade e transportes urbanos, contratados dos ingleses da Pará Electric Ralways Company, a construção monumental do cais do porto também pelos britânicos: o trabalho da Companhia das Águas do Grão-Pará, os serviços de esgoto e Usina de Gás, a Pará Telefone, a Amazon River e Port of Pará. Da presença alienígena dos técnicos dessas empresas ganharia Mosqueiro a maioria dos seus freqüentadores constituída de alemães, franceses, ingleses e americanos, que procuravam em seus momentos de lazer, lugares sadios e pitorescos nos arredores de Belém para o merecido repouso semanal. Paralelamente haveria uma adesão da sociedade paraense a esse movimento. Comerciantes portugueses, libaneses e hebraicos igualmente caminhavam no mesmo sentido.

Houve época em que os ricos comerciantes e industriais se davam ao luxo de construir trapiches em frente às suas mansões para atracação de lanchas velozes que chamavam de porto. Deve-se a esse sistema as velhas e quase centenárias residências do Porto Artur, do Porto Franco e outras que já não existem mais.

Para fugir a essas dificuldades o proprietário do Porto Artur comendador Arthur Pires Teixeira, liderou um movimento para instalação do ferro carril ligando a Vila ao Chapéu Virado.

Nessa época começaram a surgir os grandes palacetes, rurais, típicos para as praias, ao longo do Chapéu Virado e em outros locais aprazíveis. Ainda hoje, muitas dessas edificações perduram enriquecendo a paisagem. Do Chapéu Virado o belenense passou a se fixar na praia seguinte o Murubira passando pelo Porto Artur parada terminal do trem.

Disponível em:  http://sites.google.com/site/recantodailhademosqueiro/sobre-mosqueiro

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